O ano era 2023, e eu tinha um grupo de amigos. Era legal e divertido estar com eles antes de eu mudar de escola, tanto que tenho muita saudade desse ano por causa disso. Lembro de quando a gente conversava nas aulas vagas (que, infelizmente, eram comuns) e falávamos sobre absolutamente tudo e qualquer coisa, sem escrúpulos. Mas aconteceu uma coisa que me fez sentir o que vamos discutir hoje: um vazio e uma tristeza que sempre aparecem.
Éramos um grupo de seis pessoas, mas duas delas começaram a demonstrar interesse romântico uma pela outra, e era recíproco. Mas, em vez de me sentir feliz, eu senti um vazio e isso me afetou. E não foi só dessa vez.
Eu estava com inveja.
Não uma inveja de querer que eles dessem errado, que não ficassem juntos. A única coisa que eu sentia era tristeza por mim. Não é fácil ver nos outros aquilo que você nunca teve.
Não sei mais como lidar com essa sensação de vazio que fica grudada no peito. Às vezes, olho para os casais na rua, rindo de coisas bobas, e sinto um nó na garganta. É mais um “por que isso nunca acontece comigo?” que ecoa na minha cabeça até eu me convencer de que sou defeituoso. O último garoto com quem me envolvi e que chegou a se apaixonar por mim disse que não queria que isso tivesse acontecido e sempre colocava barreiras emocionais entre eu e ele. Mas eu sempre quebrava todas e ia até ele, porque a única coisa que eu queria é era o amor que eu sabia que estava ali.
Então, mesmo quando acontece, a pessoa escolhe não me amar mesmo eu fazendo de tudo por ela.
Desabafei com essa minha amiga, e ela disse que eu não sou insuficiente. Mas como acreditar nisso, se até para pagar alguém que finja interesse, meu orgulho trava? Me sinto um lixo só de pensar nisso. Sinto que sou um eterno espectador das histórias dos outros, ficcionais ou não. E o pior é o medo. Medo de ser usado como “diversão rápida”, medo de me abrir e virar piada, medo de nunca sair desse lugar e acabar definhando por dentro, num cantinho qualquer.
Todo mundo diz que, primeiro, você precisa se amar antes de amar alguém. Mas eu só queria alguém que me amasse até eu conseguir me amar, que me fizesse enxergar através dos olhos dela. Sempre vivi de “quases” com garotos. Já estou acostumado com essa sensação agridoce que me domina sempre que o ciclo se encerra e eles vão embora.
Não idealizo o amor, e sei que ele é tudo, menos perfeito e incondicional. Eu só quero alguém que tente e que fique, mesmo com todas as imperfeições.
O mais irônico é que nasci no Dia dos Namorados, aqui no Brasil. Então, sempre sou forçado a ver, nos stories alheios ou quando saio para algum lugar, casais trocando afeto com buquês de flores e presentes. É estranho como o coração reconhece o que falta, mesmo quando a gente tenta fingir que não.
Que texto incrível Sam, é necessário MUITA coragem pra admitir estar com inveja visto que essa palavra é vista como algo muito ruim e ninguém quer sentir, mas a verdade é que todos vamos sentir em algum momento. Essa sensação de "porque não comigo?" É TÃO REAL principalmente quando você vê alguém que não deu certo com você dando certo com outra pessoa e vc fica "porque não se esforçou por mim?" "Eu não valho a pena?"
Esse assunto tem várias camadas e vc conseguiu explicar cada uma sem invalidar os próprios sentimentos.
Ps: o plot do dia dos namorados torna tudo mais melancólico.
Adorei o texto. 🫶🏾❤️
Que post perfeito amigo, você conseguiu descrever exatamente o sentimento em relação a isso. Mas também consigo associar esse sentimento em outras relações também, como já falei antes, eu tenho problemas com meu pai, e as vezes quando vejo outros pais sendo compreensíveis, falando bem de suas filhas, e se esforçando para que elas se sintam bem, também tenho esse sentimento de inveja. E claro também me identifico com o post, por não ser uma garota padrão, fico pensando que nunca irei ser amada kk.
Gostei muito do texto amigo 🥺🩷